No dia 21 de maio de 1894, Émile Henry, aos 21 anos de idade, foi guilhotinado em Paris. Nascido em Bracelona, Henry participou ativamente do movimento anarquista e deixou a sociedade da época horrorizada: realizou dois atentados a bomba. Pelo feito, o anarquista é considerado o primeiro terrorista do nosso tempo.
Para entender as origens e desdobramentos do pensamento libertário, "História do Anarquismo" (Edições 70, 2007) apresenta o primeiro quadro histórico completo dos anarquismos ocidentais.
O livro avalia a participação dos anarquistas na Revolução Russa, na guerra de Espanha e nos atentados em França na Belle-Èpoque, sem esquecer dos fundadores teóricos mais importantes, como Proudhon (1809- 1865), Stirner (1806- 1856), Bakunin (1814- 1876) e Malatesta (1853- 1932).
Em São Paulo, durante a Primeira República (1889-1930), trabalhadores e militantes experimentaram o anarquismo. A trajetória do imigrante italiano Giulio Sorelli, um dos principais personagens do movimento, é narrada em "Anarquismo e Sindicalismo Revolucionário" (Perseu Abramo, 2004).
A arte também não escapou da influencia anarquista. Muitas peças de foram encenadas longe do glamour dos palcos convencionais, peças produzidas por pequenos comerciantes e operários de fabricas.
Maria Tereza Vargas, uma das maiores estudiosas na histórica das artes cênicas brasileiras, coletou em "Antologia do Teatro Anarquista" (Martins Martins Fontes, 2009) três peças desse movimento dramatúrgico: "O Semeador", do farmacêutico autodidata Avelino Fóscolo; "A Bandeira Proletária", do alfaiate Marino Spagnolo; "Uma Mulher Diferente", do sapateiro Pedro Catallo.
Nascido próximo a Moscou na época dos czares, Bakunin é o mais influente filósofo anarquista. O russo estudou filosofia e recebeu grande influência do escritor Aleksandr Herzen (1812-1870), considerado como pai do socialismo russo. Morou na Alemanha e em Paris, onde entrou em contato com as teorias de Proudhon (1809-1865) e Marx (1818-1883).
O livro "Textos Anarquistas" (L&PM Editores, 1999) reúne ensaios, artigos e discursos, que demonstram claramente seu pensamento sobre o anarquismo. Outro livro importante escrito por Bakunin é "Estatismo e Anarquia" (Icone, 2003).
Bakunin esclarece muito bem o propósito libertário, segundo ele "quem diz Estado, diz necessariamente dominação e, em consequência, escravidão; Um Estado sem escravidão declarada ou disfarçada, é inconcebível; eis por que somos inimigos do Estado."