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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Editora Unesp lança 'Conhecimento e imaginário social', de David Bloor

Na década de 70, um trabalho ousado e polêmico dividiu filósofos, sociólogos e historiadores da ciência ao demonstrar que a Sociologia poderia investigar e explicar o conteúdo e a natureza do conhecimento. Estremecendo o terreno da epistemologia, David Bloor estabeleceu uma nova maneira de pensar a natureza da atividade científica em Conhecimento e imaginário social, leitura obrigatória que é agora lançada em português pela Editora Unesp.
Como já destacou Robert J. Richards, da Universidade de Chicago, hoje, “qualquer livro publicado em História ou Filosofia da Ciência” tem que levar em consideração a obra de Bloor. Desenvolvido a partir de um trabalho empírico e com bases em estudos aprofundados sobre questões sociais e científicas, é exposto aqui como até mesmo a Física e a Matemática são tão dependentes de fatores sociais quanto de suas estruturas lógicas e dos próprios fenômenos da natureza que estas disciplinas estudam.
Os estudos de caso apresentados em Conhecimento e imaginário social dissipam a aura de universalidade absoluta atribuída ao conhecimento científico. E a análise de Bloor traz a ciência para o âmbito de um “escrutínio cabalmente sociológico”, construindo uma oposição consistente ao positivismo. O “programa forte” da Sociologia do Conhecimento, aqui desenvolvido, é ancorado em quatro princípios: causalidade, imparcialidade, simetria e reflexividade. Estes valores significam que a abordagem deverá se interessar pelas condições que ocasionam os estados de conhecimento; ser imparcial em relações a dicotomias como racionalidade e irracionalidade; considerar que os mesmos tipos de causa deverão explicar crenças verdadeiras e falsas; e seus padrões de investigação terão que ser aplicáveis à própria Sociologia.
Deste modo, investigando as correlações entre conhecimento científico e o processo social que o endossa, Bloor acabou por criar um clássico para os estudos sobre a ciência. E estabelece, para a Sociologia, as mesmas fundações e pressupostos que as demais ciências. Ao texto desta edição é acrescentado um posfácio em que Bloor responde às acaloradas críticas que seu polêmico livro suscitou.
Sobre o autor – David Bloor é um dos fundadores do “programa forte” na Unidade de Estudos sobre a Ciência da Universidade de Edimburgo. É autor de Wittgenstein: A Social Theory of Knowledge (1963) e Wittgenstein: Rules and Institutions (1997).

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